o desconhecido.
domingo, 9 de outubro de 2011
E QUE ESCOLHA NÓS TEMOS?
Aqui estamos nós, no meio da existência. E que escolha nós temos? Sinceramente, não sei se decidimos vir para cá. Mas, agora que estamos por aqui, a postura mais inteligente que podemos adotar é a de tirar algum proveito desta estadia, antes que uma manada de elefantes nos atropele. Engajando-nos na busca incessante por terminarmos nossa jornada melhor do que iniciamos, do ponto de vista mental e espiritual (porque do ponto de vista físico, vai ser difícil, rs, rs...). O amor pelas pessoas que nos são próximas é algo tão abstrato e, ao mesmo tempo, tão poderoso, pois nos ensina que existe algo mais importante do que nós mesmos. E este é o sentimento mais importante que nos prepara para o que vem a seguir:
sábado, 8 de outubro de 2011
OUVINDO O INAUDÍVEL
No século III d.C., o rei Ts’ao mandou seu filho, o príncipe
T’ai, ir estudar no templo com o grande mestre Pan Kwu. O objetivo era preparar
o príncipe, que iria suceder o pai no trono, a fim de se tornar um grande
líder. Quando o príncipe chegou ao templo, o mestre logo o mandou, sozinho, à
floresta de Ming-Li. Ele deveria voltar um ano depois, com a tarefa de
descrever os sons da floresta. Passado o prazo, T’ai retornou e Pan Kwu lhe
pediu para descrever os sons de tudo aquilo que tinha conseguido ouvir.
“Mestre”, disse o príncipe, “pude ouvir o canto dos cucos, o
roçar das folhas, o alvoroço dos beija-flores, a brisa batendo suavemente na
grama, o zumbido das abelhas e o barulho do vento cortando os céus”.
Quando T’ai terminou, o mestre mandou-o de volta à floresta para ouvir tudo o mais
que fosse possível. T’ai ficou intrigado com a ordem do mestre. Ele já não
tinha distinguido cada som da floresta?
Por longos dias e noites o príncipe se sentou sozinho na
floresta, ouvindo, ouvindo. Mas não conseguia distinguir nada de novo além
daqueles sons já mencionados ao mestre Pan Kwu. Então, certa manhã, sentado
entre as árvores, começou a discernir sons vagos, diferentes de tudo o que
ouvira antes. Quanto mais atenção prestava, mais claros os sons se tornavam.
Uma sensação de encantamento tomou conta do rapaz. “Esses devem ser os sons que
o mestre queria que eu ouvisse”, pensou. Sem pressa, o príncipe passou
horas ali, ouvindo e ouvindo, pacientemente. Queria ter certeza de estava no
caminho certo.
Quando T’ai chegou ao templo, o mestre lhe perguntou o que
mais ele tinha conseguido ouvir. “Mestre”, respondeu reverentemente o
príncipe, “quando prestei mais atenção, pude ouvir o inaudível – o som das flores
se abrindo, do sol aquecendo a terra e da grama bebendo o orvalho da manhã”.
O mestre acenou com a cabeça em sinal de aprovação.
“Ouvir o inaudível é ter a disciplina necessária para se tornar um
grande líder”, observou Pan Kwu. “Apenas quando se aprende a ouvir o coração
das pessoas, seus sentimentos mudos, os medos não-confessados e as queixas
silenciosas, um líder pode inspirar confiança a seu povo, entender o que está
errado e atender às reais necessidades dos cidadãos. A morte de um país começa
quando os líderes ouvem apenas as palavras pronunciadas pela boca, sem
mergulhar a fundo na alma das pessoas para ouvir seus sentimentos, desejos e opiniões
reais.”
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