sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Um momento de reflexão

Muitas vezes a reflexão é deixada de lado, quando nos encontramos dentro de nossa zona de conforto. "Garantidos" contra as possíveis intempéries da sorte, assim como na conhecida passagem bíblica, os apóstolos temem por suas vidas enquanto Jesus dorme na popa de um barco, devido a uma terrível tempestade que lhes cai sobre as cabeças. Em meio ao flagelo da natureza suplicam e criticam o homem que está a dormir enquanto estão para ser tragados pelo mar. Ao ser interpelado, Jesus manda o vento se aquietar e questiona a fé de seus discípulos. Entretanto, a despeito dos poderes divinos do Filho do Homem, é mais do que normal que o homem comum, em meio à adversidade e perante forças que fujam ao seu controle, tenda a se questionar sobre tal situação, pesando não só os fatos externos, mas também as suas próprias atitudes. Reflexão vem de reflexo, que por sua vez, está incorporado no verbo refletir. Ou seja, em termos psicológicos, reflexão é o pensamento que se reflete a si mesmo, a fim de poder se vislumbrar. Neste caso, uma atitude que deveria ser diária, geralmente ocorre em momentos de crise. Quando questionamos o nosso próprio valor e o sentido das coisas ao nosso redor, geralmente é porque as coisas não saíram como planejamos.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Nós somos aquilo que pensam que somos?

É engraçado como vivemos de aparências, não só as pessoas, individualmente falando, mas a sociedade também. Há algum tempo, me questionava a respeito do comércio de mercadoria pirata que ocorre no centro de Campinas, à céu aberto, sem a menor fiscalização. É sabido que, recentemente, houve um questionamento do Ministério Público (MP) junto à prefeitura de Campinas, com relação ao citado comércio pirata. É impossível não pensar que o MP aproveitou do momento de fragilidade política pelo qual passa o governo campineiro, envolvido com outras denúncias e disputas entre Dr. Hélio, Demétrio Vilagra e a câmara de vereadores.
Enfim, todo escândalo relativo à nossa prefeitura tem sido objeto de atenção da mídia e, provavelmente, também do MP, que aproveitou a situação para pressionar o município a respeito do comércio irregular de produtos nos conhecidos camelódromos centrais. É uma situação delicada, pois não acredito que os camelôs, ou comerciantes de barracas do centro, tenham ligações com o crime organizado, como vemos nas propagandas anti-pirataria, especialmente veiculadas pela União Brasileira de Vídeo (UBV). Que atire a primeira pedra quem nunca viu uma propaganda desta entidade que luta para manter o seu sustento, de maneira legítima, devemos observar. Na época em que se antecedeu o prazo estipulado pelo MP para finalizarem o comércio irregular no centro campineiro, fiquei até com receio de passear pela cidade com o meu filho, pois ouvia-se dizer que poderia haver confronto entre a força policial utilizada no cumprimento das determinações da Justiça e os camelôs, que, afinal de contas, defendem o seu sustento diário nas ruas da cidade. Entretanto, passado os prazos estipulados chegou-se à regularização almejada pelas autoridades. Quem passear pelo centro hoje, verá que em nenhuma das barracas do camelódromo se vendem mais filmes ou jogos (em DVD) pirata. Este era o símbolo inequívoco e indefensável da pirataria. Não havia como considerar uma barraca que comercializasse os conhecidos "saquinhos" com quatro DVDs, ou jogos para PC, a dez Reais, como negócios devidamente regularizados. O acordo com os comerciantes das barracas foi o de que, jogos e filmes não poderiam, em hipóteses alguma, mais ser oferecidos ao público transeunte da cidade. Quanto ao restante das mercadorias: celulares, consoles de vídeo-game, roupas, brinques, equipamentos automotivos e badulaques diversos, sempre deveriam ter o benefício da dúvida, pois não poderiam ser considerados irregulares, embora houvesse (e aliás, há) uma grande possibilidade de terem vindo parar por aqui através de contrabando. Desta forma, a aparência se torna uma necessidade maior do que a essência. Testemunha isto, quem frequenta o centro campineiro. Apaziguou-se o MP e manteve-se o eleitorado neo-burguês da cidade movimentando a economia e evitando que uma grande massa de desempregados surgisse, da noite para o dia, em meio ao cenário urbano de Campinas.