terça-feira, 15 de novembro de 2011

Nós somos aquilo que pensam que somos?

É engraçado como vivemos de aparências, não só as pessoas, individualmente falando, mas a sociedade também. Há algum tempo, me questionava a respeito do comércio de mercadoria pirata que ocorre no centro de Campinas, à céu aberto, sem a menor fiscalização. É sabido que, recentemente, houve um questionamento do Ministério Público (MP) junto à prefeitura de Campinas, com relação ao citado comércio pirata. É impossível não pensar que o MP aproveitou do momento de fragilidade política pelo qual passa o governo campineiro, envolvido com outras denúncias e disputas entre Dr. Hélio, Demétrio Vilagra e a câmara de vereadores.
Enfim, todo escândalo relativo à nossa prefeitura tem sido objeto de atenção da mídia e, provavelmente, também do MP, que aproveitou a situação para pressionar o município a respeito do comércio irregular de produtos nos conhecidos camelódromos centrais. É uma situação delicada, pois não acredito que os camelôs, ou comerciantes de barracas do centro, tenham ligações com o crime organizado, como vemos nas propagandas anti-pirataria, especialmente veiculadas pela União Brasileira de Vídeo (UBV). Que atire a primeira pedra quem nunca viu uma propaganda desta entidade que luta para manter o seu sustento, de maneira legítima, devemos observar. Na época em que se antecedeu o prazo estipulado pelo MP para finalizarem o comércio irregular no centro campineiro, fiquei até com receio de passear pela cidade com o meu filho, pois ouvia-se dizer que poderia haver confronto entre a força policial utilizada no cumprimento das determinações da Justiça e os camelôs, que, afinal de contas, defendem o seu sustento diário nas ruas da cidade. Entretanto, passado os prazos estipulados chegou-se à regularização almejada pelas autoridades. Quem passear pelo centro hoje, verá que em nenhuma das barracas do camelódromo se vendem mais filmes ou jogos (em DVD) pirata. Este era o símbolo inequívoco e indefensável da pirataria. Não havia como considerar uma barraca que comercializasse os conhecidos "saquinhos" com quatro DVDs, ou jogos para PC, a dez Reais, como negócios devidamente regularizados. O acordo com os comerciantes das barracas foi o de que, jogos e filmes não poderiam, em hipóteses alguma, mais ser oferecidos ao público transeunte da cidade. Quanto ao restante das mercadorias: celulares, consoles de vídeo-game, roupas, brinques, equipamentos automotivos e badulaques diversos, sempre deveriam ter o benefício da dúvida, pois não poderiam ser considerados irregulares, embora houvesse (e aliás, há) uma grande possibilidade de terem vindo parar por aqui através de contrabando. Desta forma, a aparência se torna uma necessidade maior do que a essência. Testemunha isto, quem frequenta o centro campineiro. Apaziguou-se o MP e manteve-se o eleitorado neo-burguês da cidade movimentando a economia e evitando que uma grande massa de desempregados surgisse, da noite para o dia, em meio ao cenário urbano de Campinas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário